Mosquitolândia - David Arnold
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David Arnold,
Editora Intrínseca,
Mosquitolândia,
Resenha
Sou uma coleção de esquisitices. Um circo de neurônios e elétrons: meu coração é o dono do circo; minha alma, o trapezista, e o mundo, minha plateia. Parece estranho porque é estranho, e é estranho porque sou estranha.
Em Mosquitolândia conhecemos a Mim, Mary Iris Malone, uma
garota de 16 anos que, após a inesperada separação de seus pais, deixa sua mãe
em Cleveland e é obrigada a morar com o pai e a madrasta em Mississippi, Ohio.
Durante esse tempo longe da mãe, Mim mantém contato com ela
através de cartas, mas logo esses contatos vão ficando cada vez mais escassos e
ela suspeita que a sua madrasta Kathy tenha algo a ver com isso. Mais tarde, em
uma conversa entre Kathy e seu pai, Mim descobre que sua mãe está doente.
Nossa heroína junta algumas roupas, comida, rouba as economias
de sua madrasta e foge à procura de sua mãe, que está a 1,524 km de distância.
A partir daí nossa aventura com Mary começa.
"Desenvolvi uma teoria que gosto de chamar de 'Princípio de Dor'. Basicamente é: a dor torna as pessoas quem elas são."
Ao longo da história vamos conhecer não só a personagem
principal, mas também a família dela e muitas outras personagens que ela
conhece nessa viagem um tanto quanto maluca.
O livro é narrado pela própria personagem, mas ao longo dele
o autor compartilha conosco algumas cartas que a Mim escreve, durante a
aventura, para uma pessoa chamada Isabel, que só nos vai ser apresentada no fim
do livro. Esse é mais um daqueles misteriozinhos básicos que te deixam com uma
pulga atrás da orelha.
Com certeza, um dos pontos altos deste livro foi o
desenvolvimento de personagem. Não pegue esse livro esperando personagens como
a Alaska ou a Margo, que são adolescentes que sempre têm uma frase incrível no
bolso, diversos pensamentos poéticos sobre a vida e todas aquelas coisas que
quem já leu Quem é você, Alaska? ou Cidades de Papel sabe. Diferente delas, Mim
é uma garota que cresce muito durante as 300 e poucas páginas e que vai sempre
redefinindo os seus conceitos. E nós vamos crescendo e aprendendo um pouco com
ela.
Apesar do livro passar uma pegada mais dramática por conta
de todos os problemas pessoais da personagem, a história é bem divertida e com
algumas cenas beeeem fofinhas. Essas características se dão porque a Mim é uma
menina hilária, cheia de pensamentos doidos e engraçados e também por causa de
mais duas personagens que ela conhece durante essa road trip.
Walt, um garoto super fofo que tem síndrome de down, e Beck,
o fotógrafo que senta no “17B”, são personagens maravilhosas que só acrescentam
e deixam tudo ainda mais fofo e engraçado. Eu terminei esse livro querendo apertar esses os dois jovens
❤.
"Penso em como as coisas mudam rápido para mim. Mas essa é a essência da mudança, não é? Quando é gradual, chama-se crescimento; quando é rápida, mudança. E, meu Deus, como as coisas mudam: algumas coisa, nada, outras coisas, tudo... Todas as coisas mudam."
Uma coisa que eu gostei muito no trabalho do autor é que
tudo foi muito bem amarrado, desde acontecimentos, até atitudes de algumas
personagens. Nesse sentido, ele se preocupou em deixar claro que o
acontecimento x foi causado por isso e o comportamento de tal personagem não se
dá porque ele é dessa forma, mas porque é dessa outra forma.
Não poderia deixar de falar desse trabalho gráfico INCRÍVEL.
A ilustração, a fonte e as cores são maravilhosas, o miolo é cheio de detalhes
e desenhos fofos, chega a ser impossível não amar ❤.
Além de todos esses pontos que contaram a favor do livro,
houve alguns pontos que me chatearam um pouco. Primeiro: O autor joga temas
como estupro, síndrome de down e abandono e acaba não se aprofundando em nenhum
deles. Poderia ter aproveitado mais sr. Arnold? Poderia!; Segundo: A história
tem diversos autos e baixos, numa hora a leitura estava prazerosa, divertida e
me prendia e na outra começava a ficar um pouco chata e eu acabava procurando
outras coisas para fazer;
Câmbio e Desligo,